Este fim de semana ocorreu o Tojás Fesztival, ou Festival do Ovo, em Siofók, uma cidade na margem sul do Lago Balaton.
Saí de Veszprém antes do almoço, às 10h50, na esperança de ter muita comida gostosa lá. Uma hora de viagem até Siofók, muito tranquila a viagem. Chegando lá, foi muito fácil encontrar o local do Festival do Ovo:
Havia muitas barraquinhas de todos os tipos: comida, bugiganga made in china, artesanato, bijoux, roupa. Ainda bem que não tenho dinheiro, senão iria querer comprar tudo!
Caminhando um pouco, cheguei na praça central e havia uma multidão:
Percebi que tinha uma fila e como paulista adora uma fila, logo entrei nela. No fim da fila, descobri que estavam distribuindo comida! 
Era um prato de ovo (é claro, estávamos no festival do ovo) com molho de paprika, picante do jeito que eu gosto! Vinha também uma fatia de pão.
Chegando em casa, tentei traduzir o que estava escrito nesta placa:
O que eu pude deduzir, é que estavam tentando entrar para o Livro dos Recordes como o maior número de pratos servidos. Mas não era qualquer prato, é o prato preferido de Liszt Ferenc, uma grande músico húngaro.
Por ser o festival do ovo, é claro que tinha ovos decorados, outra tradição húngara. Queria muito um, mas fiquei pensando: como levar para o Brasil sem quebrar???
Comidas gostosas!
Muuuuita carne gordurosa:
Gyros, o churrasquinho grego:
Doces:
Pálinka, a bebida típica da Hungria. É uma aguardente de frutas, pode ser pêssego, pêra, maçã...
Também tinha comida normal, como hot-dog americano:
Eu provei um Lepény, tipo uma panqueca com recheio de tejkrém, cebola roxa e bacon:
Estava muito bom meu lepény. Depois comi aquele doce que não sabia o nome. Mas agora já sei. Se chama kürtoskalács (por isso que ainda não tinha conseguido memorizado o nome...). Kürtoskalács quentinho acabou de se tornar meu doce húngaro preferido!
Outro dia me perguntaram como se come esse canudão. É muito fácil, é só ir arrancando as camadas:
Também houve apresentações musicais. Primeiro, um grupo chamado Four Fathers. É um grupo de quatro caras que cantam à capela. Muito bom!
No fim, para encerrar o festival, teve uma banda meio pop, chamada Fiesta. Acho que eles são mais ou menos famosos aqui, pois tinha bastante gente cantando as músicas.
Eu não conhecia as músicas e estava congelando. Resolvi caminhar e fui ver o entardecer no Lago Balaton. Estava muito frio...
Mas a paisagem fez valer a pena:
Mesmo na maior friaca tinha uns tiozinhos pescando. Na verdade, acho que não está tão frio, pois eu sou a única na rua usando luvas. Mas para mim, agora já está muito frio.
Cheguei em Veszprém parecendo um picolé ;)
 
Aqui pertinho de onde moro tem uma reserva florestal, chamada Gulya-Dombi. Dá para fazer várias trilhas lá dentro e por não ser muito grande, não tem perigo de se perder.
Tenho ido correr lá sempre que tenho a oportunidade. Me sinto privilegiada por ter um lugar assim tão pertinho de casa. Sempre acabo de deparando com lindas paisagens.
Hoje estava um dia estranho, com sol e algumas nuvens, meio parecendo que ia chover... Não queria ficar em casa e decidi ir para Balatonfüred, uma cidade a 30 minutos daqui, a beira do Lago Balaton. 
O termômetro no meu desktop marcava 5 graus aqui em Veszprém.
Por isso, fui preparada: meia calça por baixo da calça jeans, meia de lã até o joelho, muitas blusas, luva e gorrinho. Foi suficiente, não passei frio. Estamos apenas no começo do outono. Quero só ver quando o inverno chegar...
Chegando em Balatonfüred, a primeira coisa que fui ver foi o Laga Balaton, persze (é claro)!
Na beira do Lago Balaton tem um parque muito bonito e bem conservado:
Eu era a única louca comendo sorvete no frio:
Conheci o Museu da Cidade, que conta a história da cidade:
Havia mais outros dois museus, todos contando sobre a história da cidade ou sobre algum personagem importante da cidade. Deixei de lado os museus e fui atrás de algo mais interessante: o Lóczy-barlang, uma caverna dentro do Parque Nacional do Balaton, que segundo o mapa, era perto de onde eu estava.
Para não me perder, fui seguindo os sinais no caminho. 
Depois de uma longa caminhada na cidade, cheguei! Mas estava fechado, desde o dia 30 de setembro... E só reabrirá em 01 de maio. Para não perder viagem, decidi seguir uma trilha sinalizada por um triângulo verde que me levaria até uma torre, o "Aranyember útja", de onde a vista era supostamente linda.
Feliz da vida, continuei caminhando no meio de folhas verdes, vermelhas e amarelas.
Confesso que a caminhada não foi fácil e quase pensei em desistir. Muita subida, terreno muito acidentado e pedras. Além disso, já eram quase 6hrs e estava começando a escurecer. Imaginem sair nos noticiários sobre uma brasileira que se perdeu nas matas húngaras. 
Ufa! Finalmente cheguei no topo onde estava a torre!
Subi e realmente a vista lá de cima é sensacional. 
A lua estava linda!
A vista do lado oposto ao Lago Balaton também é linda. O sol estava se pondo sobre o Parque Nacional Balaton.
Lá estava eu naquele lugar lindo. Eu teria adorado, se não fosse alguns pequenos detalhes: 
1) já eram mais de 6hrs
2) o sol estava se pondo
3) frio
4) vento (daquele tipo de uiva e eu tinha que me segurar para não perder o equilíbrio)
5) eu estava sozinha
Resumindo: eu estava com o maior cagaço.
Desci e voltei pela trilha, torcendo não me perder. Ufa, saí da mata antes de escurecer.

No caminho para a rodoviária, pude admirar a lua e curtir o friozinho que estou adorando!
No ônibus de volta para Veszprém:
Fiquei muito feliz de ter saído hoje, mesmo sozinha. Descobri que em Balatonfüred existe a vista mais bonita do Lago Balaton.
 
A península de Tihany foi formada por uma rocha vulcânica que se estende por 5 km adentro do Lago Balaton. Em 1952 foi nomeada a primeira área de proteção ambiental húngara. Em Tihany existe um Instituto de Limnologia e esta semana está ocorrendo um evento lá, para o qual não fui convidada, pois é tudo em húngaro...
Kata ia para lá hoje a tarde e convidou eu e Gabriela para uma carona, assim, poderíamos conhecer a península. Com nosso mapinha do Balaton, fomos conhecer a península!
Caminhando um pouco, há uma vista espetacular do Lago Balaton:
Lá também tem uma igreja muito antiga:
Lá encontrei a casa dos meus sonhos: Paprikaház, a casa da pimenta! Eles colocam a pimenta pendurada assim para secar e depois moer e usar como tempero.
Caminhamos mais um pouco e chegamos ao Belsö tó, um lago formado em uma cratera vulcânica:
Na beira do lado tem criação de Grey Cattle, ou gado cinza (?).
Falaram que seria fácil ver estes animaiszinhos:
Mas o máximo que vimos foi o buraquinho deles no gramado:
Seguimos caminhando. Nosso destino era o Aranyház, uma formação de geisers:
Para ninguém se perder, o caminho é sinalizado com estas cruzes vermelhas:
Pelo caminho, vimos as cores do outono:
Ao final da trilha, uma das vistas mais bonitas que já vi. À direita, o Lago Balaton. Ao centro, o Lago Belsö com a cidade atrás e à esquerda, a planície: 
Aranyház, um dos geisers:
Encontramos com Kata no Instituto de Limnologia:
Chegamos em Veszprém exaustas e não queríamos saber de cozinhar na cozinha do alojamento. Como os pais de Gabri vêm visitá-la este fim de semana, precisamos conhecer lugares para levá-los. Fomos conhecer uma pizzaria aqui perto! Pizza de presunto, cogumelo e queijo. Comi tudo!!!
Só pra não perder o costume de postar foto de comida ;)
 
Continuando a aventura no Balaton...
Eu e Gabri saímos à procura de um lugar para dormir. Como o verão já acabou, não é mais temporada e os hostels estão abandonados. Passamos em dois hostels sugeridos em um guia de viagem. Os dois estavam fechados. Ainda bem que agora tenho um celular húngaro e pude ligar para pedir informação! Em um deles, a vizinha disse que os donos já estavam voltando. 
Esperamos na sarjeta:
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Estes dois hostels que consultamos tinham preços razoáveis, porém eram normais, nada como um cômodo em uma casa húngara. Até que lembramos de um pensão que vimos atrás do Museu Balaton, chamado Múzeum Pension. Agora com internet no celular, procurei no google e achei o telefone. Liguei e atendeu uma senhora que não falava inglês e eu, com meu húngaro primitivo, consegui perguntar se tinha quarto e quanto custava! Yey! Fomos para lá e no final, era um cômodo em uma casa e a senhora húngara foi muito simpática e o filho dela que falava inglês nos explicou tudo e deu várias dicas.
Era uma casa muito bonitinha:
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Sala de estar:
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Sala de jantar:
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Tinha até cahorrinhos muito simpáticos!
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Arrumando as coisas no quarto:
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Zzzzzzzzzz
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No janta, rachamos uma pizza 4 queijos em um restaurante onde fomos muito mal atendidas...
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Obs: Para quem anda pensando que eu estou comendo demais, saiba que eu estou gastando todas as calorias! Caminhando, correndo e pensando muito!!!

Após uma ótima noite de sono em uma verdadeira casa húngara, um lindo amanhecer no Lago Balaton:
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Em cada lado da foto abaixo, estão os dois primeiros hotéis de Keszthely e eu estou lá no meio fazendo a pose clássica que vimos no Museu Balaton:
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Seguimos viagem para Hévís, que fica a apenas 5 km de Keszthely. Hévís é uma cidade com ótimos hotéis e a maior atração local é um Lago Termal.
Entrada do Lago Termal:
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É um lago enorme, com água termal e radioativa, que dizem que cura várias doenças.
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Muitas cadeiras para tomar sol:
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Temperatura da água de 31 graus!! O problema foi sair da água...
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Tem também uma área coberta onde a água é mais quente:
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Pena que a gente não sabia que podia alugar essas boias. Então, ficávamos nadando de um lado para o outro e ficamos exaustas ao final...
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Depois de ficar na água quente, nadando como loucas, estávamos mortas. Procuramos um lugar para comer. Queríamos um lugar não muito caro, com garçons educados e que tivesse opção vegetariana (para Gabri). Finalmente achamos um lugar que tinha comida grega e também hamburger. Gabri entrou para perguntar se tinha "falafel" e o garçom, muito gentilmente, disse que não, mas que eles tinham "hamburger vegetariano".
Resolvido!
Pedi um X-salada. A Gabri pediu um X-salada vegetariano. Quando chegou, era um X-salada sem hamburger!!! Morremos de rir do hamburger vegetariano.
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Voltamos para Veszprém de ônibus e pudemos desfrutar de uma linda paisagem no caminho:
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Cheguei em casa, exausta, e minha roupa suja me esperava:
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Lavanderia do Magister:
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Meu quarto ficou parecendo um cortiço cheio de roupas penduradas:
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Essa semana vai ser corrida! 
Terça: vou conversar com Judit sobre algumas dúvidas que apareceram. E de noite, tem uma festa no centro da cidade, com música, dança típica e comida!!!
Quarta: Kata vai nos levar para Tihani (cidade à beira do Lago Balaton), onde tem um instituto de limnologia.
Quinta: Kata vai levar os alunos no zoológico e nos convidou para ir junto.
No fim de semana só vou querer saber de descansar...
Boa semana a todos!!!

Lição da viagem: fuja dos restaurantes para turistas - eles são caros, o atendimento é péssimo e a comida é ruim.
 
Aproveitando o tempo ainda agradável, eu e Gabriela fomos passear de trem por algumas cidades ao longo do Lago Balaton. Nosso itinerário foi:
Vészprem - Balatonalmádi (~15 minutos de ônibus) - sábado
Balatonalmádi - Tapolca (~2 horas de trem) - sábado
Tapolca - Keszthely (~1h de trem) - sábado
Keszthely - Hévíz (~10 minutos de ônibus) - domingo
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Sábado, 7h15 da manhã, eu e Gabri fomos para a rodoviária de Veszprém a caminho de Balatonalmádi, onde pegaríamos o trem que vai para Tapolca margeando o Lago Balaton:
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Eu e Gabri felizes no início da nossa aventura:
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Comecei a usar uma frase muito útil que aprendi nas minhas aulas de húngaro no Brasil. No ônibus ou no guichê do trem, falo:
- Diák vagyok (sou estudante, e mostro a carteirinha)
Funcionou todas as vezes e pago bem mais barato pelas passagens!
Chegando em Balatonalmádi, pegamos o trem rumo a Tapolca.
Estação de trem de Balatonalmádi:
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Esperando trem (homenagem ao Tiago ;)):
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O trem que pegamos era muito confortável, com cabines, igual aos filmes!
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A vista do Lago Balaton do trem é muito bonita...
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Mas também vimos muitas árvores...
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Chegamos em Tapolca!
A maior atração de Tapolca é um lago que fica dentro de uma caverna. Chegando lá, logo achamos a direção:
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O Lago da Caverna é muito bonito! Mas eu não consegui tirar muitas fotos, pois minha câmera não tem flash. Depois pego as fotos da Gabri:
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A água do lago é azulzinha:
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E a gente pode fazer um passeio de barco pelo lago:
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Depois fomos até um Lago Termal que fica bem no centro da cidade. Muito bonito!
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Tapolca é uma cidade muito bonita, bem parecida com Veszprém. Adorei!
Seguimos viagem, pegamos o trem e fomos para Keszthely!
Keszthely é uma das maiores e mais antigas cidades às margens do Lago Balaton. A cidade é muito bonita. Infelizmente, a parte central da cidade estava em reforma e não visitamos nada.
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Visitamos o Museu do Lago Balaton, que conta a história, é claro, do Lago Balaton:
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Estávamos esfomeadas e comemos em um restaurante bem na rua central, ou seja, era um restaurante para turista. Resultado: o serviço foi péssimo, a comida ruim e o preço, caríssimo. Pelo menos, aprendemos a lição...
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Comi um pimentão receado com carne ao molho de tomate e batatas cozidas. Era algo que parecia gostoso e típico, e não era tão caro...
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Um pouco mais pobres, porém, alimentadas, seguimos para a maior atração turística da Keszthely, o castelo:
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Fora do castelo tem um jardim inglês lindo:
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Dentro do castelo é um museu, que mostra os aposentos do castelo. Tem uma biblioteca enorme, vários cômodos, a sala de espelhos onde as festas eram realizadas e uma capela. Tudo muito bonito, mas era proibido tirar fotos e ainda tinha que usar um chinelinho por cima do tênis:
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Mas consegui tirar algumas fotos escondida com o celular hihi
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Adorei a capela. Funciona como um tipo de "poços dos desejos":
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O chão estava repleto de moedas e células:
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Depois da visita ao castelo, já estava ficando tarde e tínhamos que procurar algum lugar para dormir. Ouvimos falar que algumas família alugam cômodos das suas próprias casas para turistas. Estávamos loucas para conhecer uma casa húngara por dentro e ter a experiência de dormir em uma casa de verdade e não em um hotel.
Quer saber onde dormimos e o que fizemos no dia seguinte? Fica pro próximo post!!!
 
Os húngaros são cheios de surpresa. Acho que combinar os compromissos com antecedência não faz parte da cultura deles.
Hoje cheguei no departamento às 8h, como todos os outros dias. Kata, uma professora do departamento com a qual dividimos a sala, chegou logo em seguida e perguntou para mim e Gabriela: 
- Vocês têm compromisso para hoje a tarde?
Nós respondemos que não e, então, Kata disse que estava de carro e que poderia nos levar para conhecer o Lago Balaton. Kata é uma húngara muito bonita, séria e ligada do 220V. Está sempre fazendo um milhão de coisas, telefonando, digitando, indo pra cá e pra lá. Ah, e seu inglês é bem precário, mas ela se esforça. Isso é o que importa.
Pela manhã fiquei lendo alguns artigos. De tarde, meio sem entender ao certo o que faríamos no Lago Balaton (trabalho de campo? conhecer algum lago em que trabalharemos? incógnita...), fomos com Kata de carro para Balatonalmádi:
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Balatonamáldi é uma cidade ao norte do Lago Balaton. Balaton é o maior lago da Europa. Alguns anos atrás, o Balaton era um lago muito poluído. Então, fizeram um grande esforço para recuperá-lo e hoje é um lago lindo, onde as pessoas nadam e velejam.
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Chegando lá, Kata nos mostrou o mapa da cidade, a direção que deveríamos seguir para conhecer o lago e o centro da cidade. Ao final, nos mostrou a estação de ônibus e nos mostrou onde deveríamos pegar o ônibus para voltar para Veszprém. Também nos ensinou a falar: "Egy jegyet kérek Veszprémbe" (uma passagem para Veszprém, por favor).
Ao final, entendemos que a intenção de Kata foi a melhor possível. Esse foi o jeito húngaro dela nos levar para passear. Foi um dos gestos mais gentis que um húngaro fez por mim! Adorei!
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O Lago Balaton é enorme e lindo:
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Havia um grupo de senhoras tomando sol, fofocando e nadando. Que vida boa!
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Relaxando...
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Em um quiosque na beira do lago, comemos Lángos, uma comida típica húngara. É uma massa frita com vários "toppings". Comemos com queijo e um tipo de cream cheese. Muito bom!
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Na volta para casa, pegamos o ônibus e chegamos vivas em Veszprém!
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Lição de hoje: Os húngaros também têm coração ;)