Sinto muita saudade da Princesa, minha cachorrinha. Eu e o Tiago estávamos preocupados com a reação dela na minha ausência. Ano passado passei 20 dias no Uruguai e ela ficou sem comer durante praticamente toda a minha ausência. Desta vez ela nem está sentindo minha falta. Pelo menos não aparenta. Mas eu sinto muito a falta dela...
Para tentar diminuir a saudade, às vezes ela me faz companhia pelo skype:
Às vezes até dá pra ouvir o ronco dela. Reparem o olho dela espiando:
Olhos nos olhos:
Papo sério com o papy:
Oi mamy!!!
Descansando o com papy!!!
 
A temporada do aquecedor começou! Agora os aquecedores dentro das casas e prédios estão ligados. Ou seja, está muito frio. De manhã, trabalhei com os dados dos lagos húngaros e foi muito produtivo. Os dados estão prontos, agora é só mergulhar na estatística.

Almoçamos, eu, Gabri e Carlos (namorado de Gabri), no Hungária Étterem, um restaurante perto da universidade, bom e barato. Chamamos carinhosamente este restaurante de "restaurante surpresa", pois você nunca sabe o que vai encontrar no seu prato. É tipo um bandejão, com algumas opções de comida, você escolhe o que quer e a mulher te serve. O menu do dia está escrito em um quadro no começo da fila, mas não dá tempo de ficar decifrando o menu, senão empacamos a fila. Então, quando chega a nossa vez de pedir, temos que olhar a "cara" da comida e apontar o que parece mais apetitoso. Hoje usei uma nova técnica: copiei o prato da cara da minha frente. Sopa de ervilha e algo empanado, que depois descobri que eram ovos cozidos empanados.
Essa sopa de ervilha me fez pensar no meu irmãozinho Rômulo. Ele adora ervilha ;)
Outra coisa que na Hungria que me faz lembrar muito do meu irmãozinho é o salgueiro-chorão. Aqui tem muito. Essa foto com o salgueiro-chorão tirei ontem em Siofók:
Rombi, você sabe porque me lembro de você quando vejo um salgueiro-chorão?

Depois do almoço, fomos na doceria Mackó, fazer pesquisa de campo. Dessa vez experimentei um outro bolo de chocolate. Muito bom, melhor do que o anterior.
Gabri e Carlos com os doces húngaros!
De tarde, aula básica de comunicação científica. Tenho lição de casa -.- Ler um artigo e escrever o resumo.
De noite tive aula de húngaro e foi bem proveitoso, aprendi várias coisas, mas ao mesmo tempo, a aula é um pouco devagar, pois são muitos alunos e a turma é muito heterogênea. 
Andei pensando e tomei uma decisão: tenho que estudar mais húngaro. Já estou aqui há um mês e ainda não consigo me comunicar direito. Além do que aprendi no Brasil, desde que cheguei aqui só aprendi mais algumas palavras práticas, como nomes de comida. Então, quero estudar mais, seja sozinha ou com algum professor particular. 
 
Este fim de semana ocorreu o Tojás Fesztival, ou Festival do Ovo, em Siofók, uma cidade na margem sul do Lago Balaton.
Saí de Veszprém antes do almoço, às 10h50, na esperança de ter muita comida gostosa lá. Uma hora de viagem até Siofók, muito tranquila a viagem. Chegando lá, foi muito fácil encontrar o local do Festival do Ovo:
Havia muitas barraquinhas de todos os tipos: comida, bugiganga made in china, artesanato, bijoux, roupa. Ainda bem que não tenho dinheiro, senão iria querer comprar tudo!
Caminhando um pouco, cheguei na praça central e havia uma multidão:
Percebi que tinha uma fila e como paulista adora uma fila, logo entrei nela. No fim da fila, descobri que estavam distribuindo comida! 
Era um prato de ovo (é claro, estávamos no festival do ovo) com molho de paprika, picante do jeito que eu gosto! Vinha também uma fatia de pão.
Chegando em casa, tentei traduzir o que estava escrito nesta placa:
O que eu pude deduzir, é que estavam tentando entrar para o Livro dos Recordes como o maior número de pratos servidos. Mas não era qualquer prato, é o prato preferido de Liszt Ferenc, uma grande músico húngaro.
Por ser o festival do ovo, é claro que tinha ovos decorados, outra tradição húngara. Queria muito um, mas fiquei pensando: como levar para o Brasil sem quebrar???
Comidas gostosas!
Muuuuita carne gordurosa:
Gyros, o churrasquinho grego:
Doces:
Pálinka, a bebida típica da Hungria. É uma aguardente de frutas, pode ser pêssego, pêra, maçã...
Também tinha comida normal, como hot-dog americano:
Eu provei um Lepény, tipo uma panqueca com recheio de tejkrém, cebola roxa e bacon:
Estava muito bom meu lepény. Depois comi aquele doce que não sabia o nome. Mas agora já sei. Se chama kürtoskalács (por isso que ainda não tinha conseguido memorizado o nome...). Kürtoskalács quentinho acabou de se tornar meu doce húngaro preferido!
Outro dia me perguntaram como se come esse canudão. É muito fácil, é só ir arrancando as camadas:
Também houve apresentações musicais. Primeiro, um grupo chamado Four Fathers. É um grupo de quatro caras que cantam à capela. Muito bom!
No fim, para encerrar o festival, teve uma banda meio pop, chamada Fiesta. Acho que eles são mais ou menos famosos aqui, pois tinha bastante gente cantando as músicas.
Eu não conhecia as músicas e estava congelando. Resolvi caminhar e fui ver o entardecer no Lago Balaton. Estava muito frio...
Mas a paisagem fez valer a pena:
Mesmo na maior friaca tinha uns tiozinhos pescando. Na verdade, acho que não está tão frio, pois eu sou a única na rua usando luvas. Mas para mim, agora já está muito frio.
Cheguei em Veszprém parecendo um picolé ;)
 
Hoje foi um dia muito tranquilo. Pela manhã, corridinha básica e gelada.
Depois, estreei minha panela nova ;) Fiz carne móida com paprika, abobrinha e cogumelos com mohlo de soyu, igual que eu costumo fazer em casa. Ficou muito gostoso! Só faltou o gohan.
Tá na mesa: gororoba de carne moída e salada de tomate e pepino:
De tarde fui no Museu Dezsõ Laczkó, conforme sugerido pelo Tiago.
Havia quatro exposições:
- uma que contava a história de Veszprém, muito boa, com tradução em inglês;
- outra em homenagem a Dezsõ Laczkó, um dos cientistas mais importantes de Veszprém e que dá o nome ao museu. Infelizmente não pude entender direito o que este cientista fez, pois era tudo em húngaro:
- uma exposição que contava um pouco dos costumes e tradições húngaras. Roupa de frio:
- a última e minha preferida contava sobre o domínio comunista na Hungria.
Relembrei os bons tempos em que jogava Day of Defeat.
Reparem na pazinha na cintura do soldado:
AK47:
Sniper:
Tinha também alguns objetos do tempo da carochinha. 
Geladeira da Vó Maria:
Máquina embelezadora (to precisando):
Esse aparelho de telefone eu não consegui descobrir se fazia parte da exposição ou se era funcional (estava ligado na tomada):

Respondendo o comentário da Zê e do Rô, quando eu vou na padaria, tenho uma estratégia para me comunicar. Geralmente, na frente do pão ou doce tem o nome dele. Aí, aponto, falo quantos eu quero (em húngaro) e falo o nome que está escrito! Por exemplo:
Aqui eu apontaria e falaria: "Három sajtos" (três queijo). Tudo bem que estou falando que nem índio, mas pelo menos não estou passando fome!!!
 
Sexta-feira é o dia mais parado da semana. De sexta, o expediente na faculdade vai só até 12hrs e departamento fica meio deserto. Gabri foi para Budapest e hoje fiquei trabalhando sozinha. Não apareceu uma alma penada na minha sala... 
Trabalhei até às 15h e como não tinha muito o que fazer, segui o conselho da Luciane que morou aqui durante dois anos: coloquei o tênis no pé, a mochila nas costas e saí caminhando. Caminhei até o outro extremo da cidade. Essa placa indica que Veszprém acabou:
E cheguei na Tesco, um hipermercado beeeem grande! Passei um tempão lá, só namorando as coisas que quero comprar. Andei fazendo uma lista das coisas que preciso:
- mapa da cidade/país
- panela/frigideira
- torradeira
- luva de cozinha (para pegar coisas quentes)
- tábua de cortar 
- faca boa
- toalha de chão
- pano de prato
- jogo americano
- espátula/colher de pau
- gleide (igual da casa do Pedrinho)
- casaco de inverno
- meia grossa
- luva de corrida (esqueci as minhas no Brasil)

Lá no Tesco tinha várias coisas úteis e legais para comprar. Mas me controlei e comprei só pouca coisa:
Uma panela (muito barata, cerca de R$ 5,00), saco de lixo (essencial) e soyu (lá foi o único lugar que achei). Fiquei muito orgulhosa de mim mesma, pois cheguei a colocar um pacotão de batata frita no carrinho e desisti ;) Além disso, como esse hipermercado é longe, não dá pra comprar muito coisa, senão fica ruim de carregar tudo sozinha.
Na volta pra casa, testei uma padaria nova. Eram 17h55 e a padaria fechava às 18h. Pedi 1 csoki csiga e 2 pães que pareciam de massa folheada. A moça me deu o dobro e disse que era grátis pois já estava fechando! Yey!
Em um cartaz na rua descobri que o Circo Nacional da Hungria estará em Veszprém na semana que vem! Eu quero ir!
 
Há um ano, em 04 de outubro de 2010, houve a maior catástrofe ambiental da Hungria, quando a parede de um tanque de retenção de resíduos da fábrica de alumínio MAL se rompeu, derramando uma grande quantidade de lama tóxica. Esta lama tóxica, composta de bauxita e alumínio, se espalhou por um córrego da região que transbordou atingindo residências e campos agrícolas de duas principais aldeias, Kolontar e Devecser. Várias cidades próximas foram inundadas e em Kolontar e Devecser o lodo chegou a dois metros de altura. Veszprém, a cidade onde moro, chegou a ficar em estado de atenção. 
Devecser está a cerca de 50 km de Veszprém:
Vejam as imagens de satélite:
Na primeira imagem de satélite a lama vermelha invade áreas verdes e residenciais e o rompimento do muro é bem nítido. Na segunda imagem é possível observar o rastro da lama que se estendeu por quilômetros a oeste da região. Instituições ambientais afirmam que os metais pesados que penetraram no solo e foram absorvidos pela vegetação poderão causar efeitos ambientais por décadas. 

Logo após a catástrofe, o pessoal do Departamento de Limnologia da Universidade de Veszprém passou a monitorar os riachos afetados pela catástrofe. Têm vários pesquisadores e alunos envolvidos em projetos relacionados com qualidade da água, ecologia de diatomáceas e invertebrados aquáticos, e decomposição. 
Hoje tive a oportunidade de participar de um trabalho de campo em alguns riachos afetados pela catástrofe. Fomos coletar invertebrados aquáticos! Fomos eu, Eszter (aluna de mestrado), Agnesz e István (alunos de graduação). Este é um dos riachos com a Eszter coletando seus invertebrados aquáticos:
Estava muito friiiiiiiio!
O trabalho era o seguinte: Eszter entrava na água e coletava a água para medir alguns parâmetros com a sonda. Depois, ela passava a rede e em seguida triávamos os insetos. Bem simples, o problema era o frio que congelava a mão... Ao todo, fomos em cinco riachos.
Na volta, deixamos a Agnesz na casa dela, em Devecser. Conheci seu rato de estimação e fiquei sabendo que na Hungria é muito comum ter rato como animalzinho de estimação. 
 
Como se não bastassem as delícias húngaras, hoje eu ganhei delícias espanholas! Gabri pediu para seus pais trazerem da Espanha alguns presentinhos para mim ;) Presunto, lombo e torrone artesanal:
Hmmmm, esse torrone é muito bom, totalmente diferente do torrone branco que vem na cesta de natal da empresa. Depois de provar o autêntico torrone espanhol, não quero  mais saber desse aqui:
A validade do meu torrone é até 10/2012. Vou fazer o sacrifício e deixá-lo fechado para comer com o meu maridinho no natal ;)

1 mês

12/10/2011

1 Comment

 
Hoje completou 1 mês que estou aqui. Porém, o tempo é relativo. Um mês parece bastante tempo, mas ao pensar que ainda faltam 7 meses aqui, um mês não é nada...
Neste primeiro mês pude me adaptar após o choque cultural (e térmico) e, por outro lado, também passei a  valorizar o que deixei no Brasil. Eu já sabia que tinha o melhor marido do mundo, mas isso ficou muito mais evidente agora. Tomar a decisão de vir para cá só foi possível pois sempre tive o apoio do Tiago. E essa semana ele arrancou o dente do siso e eu queria muito ter estado ao seu lado...
Criei uma sessão nova (lá em cima, na barra de menu) sobre "coisas que adoro". Com o tempo eu adiciono itens à lista.
E eu adoro esses dois:
Os pais de Gabriela estão aqui visitando e alugaram um carro. Então, fomos visitar Györ, uma cidade um pouco mais distante, ao norte, quase na divisa com a Eslováquia.
As estradas são bem conservadas e muito bem sinalizadas. Chegamos lá sem problemas.
O tempo não estava dos melhores e chegando lá, parecia que Györ havia sido dominada por Sauron, do Sr. dos Anéis.
A cidade é grande (comparada a Veszprém) e bonita. Tinha muitas atrações (museus, castelos, igrejas...).
City Hall:
Ruas charmosas:
Rio que corta a cidade:
Monumento na praça central:
Mas o que mais gostamos foi do Tour Gastronômico. Nossos guias apontavam um restaurante como um dos melhores da cidade, então fomos nele, o restaurante do Hotel Fonte. Experimentei uma tradicional gyulásleves, um dos pratos mais típicos da Hungria. Estava bem gostoso, mas não passa de uma sopa com carne, batata, cenoura, nhoquinho e tempero de páprika.
Depois, nos deliciamos com os doces húngaros em um restaurante chamado Matias. Um mais gostoso do que o outro:
Saímos de Györ e na volta para Veszprém, passamos em Pannonhalma, uma cidade cuja maior atração é um monastério, o Pannonhalma Archabbey. Esse monastério é considerado patrimônio da humanidade pela UNESCO. Fizemos o tour e apesar do guia falar em húngaro e parecer um robô, valeu a pena. 
Em alguns momentos, me senti no Game of Thrones.
Na biblioteca, me senti no Harry Potter:
Na volta, passamos pelas ruínas de um castelo no topo de uma montanha:
Chegando em Veszprém, aproveitamos que tínhamos um carro e fizemos compras no mercado. Pude comprar uma caixa inteira de leite, pacotão de papel higiênico e congelados!!!
Depois eu monto um álbum de fotos destas cidades. Não tirei muitas fotos, pois o pai da Gabri tirou várias fotos nossas e depois eu pego com ele.
 
1) Coloquei novas fotos no álbum de fotos! Ainda não consegui virar as fotos, então, tem algumas fotos tortas -.-
2) Cuidem do Tiago, ele tirou o dente do juízo e está sofrendo...
3) Bom feriado no Brasil!!!
 
Hoje vou dedicar o post à uma das minhas atividades preferidas: comer!
A primeira delícia húngara que conheci foi o Lángos. A primeira vez que comi lángos foi ainda no Brasil, na Casa Húngara. Mas o lángos aqui da Hungria é totalmente diferente daquele que eu experimentei no Brasil. Esse foi o primero lángos que comi aqui na Hungria, em Balatonalmádi. É uma massa frita com cobertura de fejkrém (tipo um cream cheese) e queijo.
Fejkrém ou Vajkrém (ainda não descobri a diferença entre os dois) é outra delícia húngara. É tipo um creamcheese e vi vendendo de três sabores: natural, queijo e magyaros. Este último é muito gostoso, feito com temperos húngaros, ou seja, páprica. 
Outro derivado de leite é o Tejföl. É tipo um sour cream, ou nata, ou coalhada, ainda não descobri direito. Com pão, como tempero de salada, com omelete, fica uma delícia!
Pogacsa! Os húngaros dizem que são bolinhos salgados, mas para mim, não passa de um pãozinho. É gostosinho e prático de comer. Pode ser puro ou com queijo por cima, ou com diferentes recheios, como fejkrém, molho de tomate, bacon, presunto, canela, chocolate...
O mais legal é que esses pãezinhos são vendidos em qualquer esquina e são super baratos. Hoje mesmo comprei 3 pogacsas e paguei 100 forint, ou seja, 1 real.
Leves, ou seja, sopas! As sopas húngaras são muito gostosas. Essa aí que comi era de queijo com fejkrém. Para acompanhar, comi um "espetinho" bem light de bacon com carne de porco. 
Um doce muito gostoso é o csoki csiga, ou caracol de chocolate. É um rocambole de chocolate, que ao final, é cortado em várias fatias e coberto de chocolate. Uma delícia!
Esse doce, que não ainda não aprendi o nome, é típico da Europa Central:
A massa é enrolada para ficar com a forma de canudão, passa-se uma calda e vai para o forno:
Depois de assado, pode ter diferentes coberturas: açúcar, canela, amêndoa, chocolate... 

Perto do centro da cidade tem uma doceria maravilhosa. A vitrine parece de mentira e estava namorando os doces desde que cheguei:
Hoje, na companhia de Gabri, su papa y su mama, finalmente entrei na doceria! Experimentei um bolo de chocolate com recheio de geléia. Muito bom! Tenho que experimentar todos os doces para poder indicar para o Tiago qual o mais gostoso quando ele vier me visitar. 
Mamy, se você vier me visitar, não esqueça sua insulina.

Mas também estou comendo coisas saudáveis!
Para quem não sabe, figo é minha fruta preferida. E para minha sorte, alguém no departamento tem um pé de figo em casa e sempre leva figos fresquinhos. Eu como um atrás do outro.