Falta uma semana para minha viagem para a Espanha. Estou ansiosíssima, mal consigo me concentrar no trabalho. Ainda mais porque neste últimos dias andei trabalhando montando a apresentação que farei na Universidade de Barcelona.
Hoje comprei alguns presentinhos para levar. Pálinka, a bebida típica húngara para o Marcelo, meu orientador brasileiro que vou visitar em Barcelona. Um cubo mágico (para quem não sabe, o inventor do cubo mágico foi um húngaro) e chocolates húngaro para o Lucas, filho do Marcelo, que cederá seu quarto para mim enquanto estarei lá. Só falta pensar em um presente tipicamente húngaro para a Vivi, esposa do Marcelo e minha co-orientadora.
Para me preparar psicologicamente para a viagem, assisti o filme espanhol "La piel que habito", de Almodóvar, com Antônio Bandeiras. 
Como todo filme de Almodóvar, tem um história totalmente inusitada. Conta a história de um médico cirugião plástico, com um passado familiar conturbado, que busca criar um tipo de pele sintética para pessoas que sofreram queimaduras. Ao longo da história descobre-se o porquê e quem é a paciente misteriosa que ele mantém em sua casa. Muito melhor que qualquer filme holywoodiano.
Amanhã vou para Ajka com Viki, não sei se conseguirei postar no blog. De qualquer maneira, conto tudo depois!!
 
Desde a semana passada temos os novos companheirinhos, os ratinhos. Na sexta, antes de eu ir embora, percebi que os ratinhos estavam tentando escalar pelo bebedor. Com medo que ele conseguissem escapar, coloquei um pedaço de azulejo em cima.
Olha só como o ratinho branco já estava super habilidoso, escalando até lá em cima:
Na segunda-feira, cheguei na sala e encontrei um aluno na sala de microscopia, fui ver os ratinhos e eles não estavam no aquário. Perguntei onde estavam os ratos e ele disse que não sabia, que talvez Kata teria pego para usar na aula. Logo em seguida, Kata chegou, perguntei para ela se ela havia pego os ratos e ela disse que não e pirou! Os ratos fugiram! Fechamos todas as portas e fomos à caça dos ratos. Eles estavam atrás da pia e foi fácil pegá-los de volta. Ufa. Depois dessa, Kata colocou um bandeja e um jarro mais pesado para tampar o aquário. Ao fim da caça, Kata pediu para mantermos segredo sobre o ocorrido, pois quase todos do departamento (mulheres principalmente) eram contra a aquisição dos novos amiguinhos roedores. 

Hoje cheguei na nossa sala e Kata estava lá pirando, pois os ratos haviam fugido de novo e as moças da limpeza deixaram eles escaparem para a cozinha! Os ratos escalaram até a tampa do aquário e roeram para abrir um buraco maior:
Depois de revirar a cozinha, conseguimos pegar o branquinho atrás da pia, mas o pretinho estava desaparecido. Sentamos e ficamos em silêncio esperando ele se mexer. Até que ele apareceu correndo e entrou dentro da despensa!!! Tiramos tudo de dentro da despensa e finalmente encontramos ele escondidinho lá. A cozinha toda revirada:
Colocamos eles de volta no aquário. Coitadinhos, estavam morrendo de sede e de fome.
Mas foi só virar as costas e pegamos o branquinho no flagra tentando fugir novamente!!!
Muito espertinhos!! Segundo a trilogia de cinco livros de O guia dos mochileiros das galáxias, do Douglas Adams, os ratos são os seres mais inteligentes do Planeta Terra, seguidos pelos golfinhos. Os humanos ficam em terceiro lugar. Segundo o livro, os ratos só se fazem de bobinhos enquanto fazem experimentos nos seres humanos. Os ratos queriam encontrar a resposta para a vida, o universo e tudo mais e para isso, criaram um super computador para encontrar a resposta... Opa, mas eu não vou contar a história, é preciso ler o livro. E não vale ver o filme, que é uma porcaria.
Voltando a história dos ratos fugitivos, depois do ocorrido hoje, o segredo dos ratos fugitivos deixou de ser segredos e todos já estão sabendo. 
Que dó, que dó, que dó!!!
 
Aqui na Hungria estou vivenciando algo que não existe no Brasil: estações do ano! Pode-se dizer que no Brasil existe duas estações do ano, uma quente e chuvosa, que vai mais ou menos de outubro a março e outra fria e seca, de abril a setembro. E mesmo assim, essas estações não são bem definidas. É uma bagunça. Aqui não. Tem verão, outono, inverno e primavera. Tudo bonitinho. Quando cheguei aqui, no meio de setembro de 2011, era finzinho de verão e início de outono. Agora estamos no inverno e logo logo chega a primavera. A única estação do ano que não vou presenciar é o verão. Tudo bem, verão tem de sobra no Brasil.
Algumas fotos dos mesmo lugares antes e depois, ou seja, quando cheguei (outono) e agora (inverno):

Parque em Balatonalmádi:
Em setembro de 2011, verde:
Em fevereiro de 2012, sem folhas:

Morro em Veszprém:
Em setembro de 2011:
Em fevereiro de 2012, coberto de neve:

Campo em Veszprém:
Setembro de 2011, campo verde:
Fevereiro de 2012, campo seco:

Caminho para a faculdade:
Setembro de 2011, verde:
Dezembro de 2011, amarelo:
Fevereiro de 2012, branco:

Cidade de Veszprém vista do mirante:
Setembro de 2011, verdinho:
Dezembro de 2011, sequinho:

Cemitério de Veszprém:
Em dezembro de 2011, névoa:
Em fevereiro de 2012: neve:

Veszprém em Setembro de 2011, quando o sol brilhava e eu usava camiseta na rua:
Veszprém em Fevereiro de 2012, coberta de neve:
Não vejo a hora da primavera chegar!
 
Na semana passada, dois carros tipo SUV (Hummer) foram parar dentro do Lago Balaton congelado. 
O que me contaram é que provavelmente os caras da primeira Hummer estavam bêbados e resolveram fazer  o percurso dentro do lago congelado. Porém, o gelo não aguentou e quebrou. Então, ligaram e pediram ajuda para um amigo ou familiar, que foram socorrer com outra Hummer, que também caiu dentro do lago.
A reportagem do jornal local. Não entendi bulhufas. Assistam só para sentir o drama que é ouvir as pessoas falando em húngaro:
 
O Lago Balaton é o maior lago da Europa, com quase 600 km2 de área. Enorme. Como na Hungria não tem mar, é conhecida como a praia dos húngaros. As principais cidades ao redor do Lago Balaton são cidades de veraneio, por isso, a maioria das lojas, bares e restaurantes fecham no inverno.
Com o frio que tem feito aqui na Hungria, o Lago Balaton congelou e o lago voltou a ser uma atração. As pessoas simplesmente pegam seus patins de gelo e entram no lago para brincar. Fui com Petra para Balatonfüred conferir o Balaton congelado:
Eu e Petra:
O lago é tão grande e tinha gente até perder de vista:
Além de patinar no gelo, os húngaros também adoram o "fakutya", cuja tradução é cachorro de madeira, que é uma cadeirinha para ser empurrada no gelo:
Rachadura no meio do lago. Medo.
Caminhamos até bem longe da margem:
Na região mais próxima da margem, o gelo é sempre limpo para as pessoas patinarem com mais tranquilidade.
Na margem, haviam banquinhos para as pessoas calçarem seus patins. E as pessoas simplesmente deixavam suas bolsas e sapatos lá mesmo, embaixo do banco. Ah, se fosse no Brasil...
Infelizmente não havia patins para alugar. Pelo menos assim não levei nenhum capote. 

Tomamos forralt bor (vinho quente), comemos kürtőskalác e ainda pegamos carona de volta para Veszprém com um amigo de Petra. Conversamos bastante em português, e tentamos conversar em húngaro, mas meu húngaro é de dar pena =( 
O lindo Balaton congelado e a ótima companhia compensaram o frio =)
 
O esporte mais popular na Hungria é o Handball, aqui chamado de Kézilabda. O time de Veszprém, chamado MKB Veszprém, é um dos melhores da Hungria e também da Europa. 
Kata e toda sua família têm ingressos para toda a temporada. Porém, não havia mais ingressos para o mesmo lugar com Kata senta, então, acabei comprando ingressos em outro lugar. Kata me buscou em casa e lá fomos para o Veszprém Aréna:
Para minha surpresa, a mãe de Kata me deu de presente um cachecol do time e sentou no meu lugar no outro setor para que eu pudesse sentar com Kata. Fofíssima. 
Eu e Kata:
O jogo era MKV Veszprém X Vive Targi Kielce, um time polonês, pelo campeonato europeu. Era um jogo importante, mata-mata. Antes do jogo, o mascote animando a torcida:
O time de Veszprém entrando em campo:
Hora do hino:
Cumprimentos de fair play:
Tinha até torcida organizada:
A torcida polonesa, em amarelo, ficou restrita apenas à este setor do ginásio:
O time de Veszprém é o vermelho, e o polonês é amarelo:
Quando o time polonês ia pro ataque, era um buzinada ensurdecedora, pior que vulvuzela na copa do mundo:
Intervalo com direito à cheerleader:
O jogo foi bem apertado, praticamente empatado o tempo inteiro. Aos 27:30 do segundo tempo (cada tempo tem 30min), o jogo estava 20x21 para os poloneses. 
Infelizmente, o time de Veszprém perdeu por 3 pontos e foi desclassificado do campeonato europeu. Estavam todos muito tristes.
Ops, todos, menos a torcida amarelinha do time polonês:
O jogo foi muito legal. É bem mais dinâmico que futebol. Mas muitas coisas eu ficava perdida pois não conheço as regras direito. Valeu a pena, eu não podia deixar de assistir um jogo do esporte mais popular da Hungria!

Voltei para casa a pé, aproveitei para passar em alguns lugares no caminho. 
Estava nevando um pouco e o termômetro marcava:
-11°C!!!
Fiquei surpresa, pois eu nem estava sentindo tanto frio. Acho que já estou aclimatada ao inverno húngaro.
 
Tenho novos amigos na sala onde trabalho na faculdade. Eles ficam na sala de microscopia, reparem nas amostras de fitoplâncton à direita.
Kata arrumou dois ratinhos para usar nas suas aulas. Cheguei hoje e eles estavam dormindo juntinhos:
Fofíssimos:
Depois eles acordaram que estavam com a corda toda:
 Estavam tentando subir no bebedouro e escapar pela parte de cima. 
O outro companheirinho bem mais sem graça é um bicho pau, que está camuflado no meio do galho. Alguém achou ele?
Também tínhamos peixinhos. Quando cheguei aqui, eram seis. Três de uma espécies e três de outra. Em pouco tempo, os peixes de uma das espécies morreram todos, não sabemos porque. Sobraram três, que estavam vivendo bem. Até que de repente, todos morreram! Por isso o aquário está vazio.
Tem até o corpo de um dos peixinhos mortos, boiando, bem no meio. Até hoje ninguém tomou vergonha na cara para tirá-lo. 

Adoro bichinhos de estimação, mas gosto que eles fiquem livres no quintal ou em um espaço grande. Bichinhos em aquários ou gaiola é muito triste. Que dó, que dó, que dó!!!  
 
Os húngaros adoram cachorros. 
No Brasil, quando as temperaturas estão baixas, lá pelos 15°C, a gente já veste roupinha e colocamos nossos amiguinhos de quatro patas para dentro de casa. Aqui na Hungria, quase não vejo cachorrinhos de roupinha e a maioria fica para fora de casa.
Coitadinho do Apolo na casa da Viki:
Para ter uma idéia de como estava frio, olha a situação do pote de água do Apolo, ou melhor, pote de gelo:
Existem três raças de cães húngaros. A mais popular é o Vizsla, que dizem que é a raça do Pluto. O Vizsla é um cão muito energético e inteligente. Antigamente, era um cão de caça. Ele ficava na espreita para ir buscar os animais após serem feridos:
Outra raça húngara é o Kuvasz. São lindos, se parecem um pouco com Golden Retriever, porém, bem maior e bem mais peludo.
A última e mais divertida raça húngara é o Puli. Até o nome é divertido.
Os Pulis são inconfudíveis por causa do seu pelo rastafári. Podem ser preto ou brancos, médios ou grandes. Antigamente, eram usados para pastorear as ovelhas. Tem fama de ser muito agressivo.
Não importa a raça do cão, eles são nossos melhor amigos e companheirinhos em qualquer lugar do mundo.
 
Depois de muita neve no sábado, o domingo amanheceu lindo, ensolarado. 
Infelizmente, a neve não estava propícia para fazer um hó ember (boneco de neve). A neve esfarela na mão e não faz bolinhas. Isso acontece porque está muito frio e os flocos de neve são muito pequenos. Quando a temperatura está mais elevada (mais próxima de zero =O), os flocos são maiores e mais propícios a fazer boneco de neve.
Estalactits de gelo:
A igreja católica de Ajka, fundada em 1807:
Demos uma volta com Apolo, o cachorrinho gordinho da família. 
Timi, irmã de Viki, é a mãe de Apolo. Como Timi mora em outra cidade e volta para casa apenas 1 vez por mês, Apolo fica louco quando vê Timi. 
Peguei Apolo "emprestado" para passear:
Fomos até o Rio Torna. Logo no começo postei sobre o catástrofe ambiental que ocorreu aqui na Hungria, quando um reservatório de uma fábrica de alumínio se rompeu e derramou lama contaminada. Essa lama tomou conta de Ajka e de mais duas cidade à frente e contaminou o Tio Torna. O Rio Torna estava com um cor um pouco suspeita, meio branca, meio azulada:
Depois de assistir tantos filmes de investigação no fim de semana, estávamos empolgados e fizemos um versão de CSI: Ajka - fomos em busca das causas da contaminação:
Como boas limnólogas, claro que tivemos que colher amostras de água:
Caminhamos mais um pouco e encontramos onde a fábrica estava despejando resíduos. Reparem do lado direito da foto, o Rio Torna limpo e do lado esquerdo, branco.
Por do sol sob o Rio Torna:
De noite, aprendi a jogar Pôquer. Claro que precisava colar no manual para saber qual joguinho valia mais.
Na minha sorte de principiante, ganhei a primeira rodada! Apostei e ganhei todas as fichinhas de Csobi, que não quis olhar para o foto. Sobraram só três fichinhas para ele hehe:
E meu montão de fichinhas:
Fiquei em Ajka até segunda. Segunda de manhã, acordamos 6h e pegamos o ônibus às 6h30 para Veszprém. Estava muito frio e as estradas perigosas, então, o ônibus estava bem atrasado. Mas cheguei bem em Veszprém e o início da semana tem sido de bastante trabalho.
O fim de semana em família foi ótimo, descansei bastante, comi muita comida gostosa, e me senti muito bem com a família da Viki, apesar do problema de comunicação (apenas Viki e Csobi falam bem inglês). Fiquei muito feliz pois hoje Viki me convidou novamente passar o fim de semana com sua família esta semana. Mas infelizmente já tenho planos e não poderei ir. Fica para o próximo fim de semana =)
 
Continuando...
Em Ajka, Viki me levou para conhecer um lago que tem lá. O lago é chamado de "O coração de Ajka", pois visto de cima se parece um coração, ou pelo menos, era para parecer:
O lago estava congelado!!! Várias pessoas patinando, jogando jóquei, brincando, ou apenas caminhando:
Andando sobre o gelo!!
Viki & Csobi:
No meio do lago tem uma ilha com várias esculturas em homenagem a um escritor húngaro:
De tarde, cozinhamos! Fizemos pizzacsiga. Aqui na Hungria eles são meio fascinados por "csiga", que significa caracol. Tem várias comidas em forma de csiga: pão, doce, queijo e pizza!
Fazendo a massa:
A massa cresceu e ficou enorme:
Como fazer um pizzacsiga:
1) abrir a massa:
3) e o recheio - milho:
5) enrolar:
2) colocar o molho de tomate:
4) queijo:
6) fica assim enroladinho que nem um rocambole:
7) cortar:
Colocar na forma e decorar com mais queijo:
Vai ao forno:
Hmmm, ficou muito gostoso!!
Com certeza vou fazer pizzacsiga no Brasil!!
O pai de Viki fez um doce também em formato de csiga. Muito gostoso!
Fazia tempo que não comia tanta comida e tanta comida gostosa!

De noite assistimos mais um filme da série de Hannibal Lecktor, chamado Manhunter. É um filme antigo de 1986, e o ator principal é o WIllian Patersen, o Grisson do CSI Las Vegas. Ele estava bem novinho no filme. Valeu ter assistido para acompanhar a história de Hannibal Lecktor, mas não se eu estava com sono ou se o filme é chato mesmo.